Os estabelecimentos comerciais são os atingidos pela nova taxa. Agora,
cada metro cúbico de resíduo (gordura) custa R$ 116,87 para ser descartado e
tratado. Antes, custava R$ 5,84
Repórter: Carlos Ratton 22h00 com edgar boturão
reajuste de 2000%
Os comerciantes da Baixada Santista que precisarem descartar resíduos provenientes da caixa de gordura de seus estabelecimentos, tomarão um
verdadeiro susto na hora de ver o novo custo do serviço, geralmente feito por empresas especializadas e credenciadas, devido à proibição do
material ser descartado pelo esgoto.
Desde o último dia 1º, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) resolveu adotar uma nova taxa de descarte e
tratamento dos resíduos, que passou de R$ 5,84 para R$ 116,87 por metro cúbico retirado.
Um aumento de 2.000%.
Por enquanto, só as empresas que fazem o serviço de remoção e transporte dos resíduos sabem do aumento. O DL entrevistou o gerente de uma das 10 maiores empresas de transporte de resíduos de Santos para saber o custo final do serviço. Para fazer o cálculo, foi utilizado, como exemplo, um caminhão que transporta oito metros cúbicos.
Antes da nova taxa, o serviço de descarte e tratamento dessa metragem custava R$ 46,75.
Agora, a Sabesp está cobrando das empresas R$ 934,96 pelo serviço.
Somando esse valor com o preço da remoção e transporte do produto (R$ 1.600,00 por caminhão) e o certificado ambiental que os transportadores precisam ter e que custa R$ 120,00 por viagem, o serviço completo passa a custar R$ 2.654,96.
Antes da nova taxa, o serviço de recolhimento, transporte, descarte e tratamento de resíduos custava R$ 1.766,75. A diferença de R$ 888,21 vai sair do bolso do comerciante, pelo menos é assim que entende o gerente entrevistado.
“Eu considero um valor abusivo. Antes, minha empresa nem cobrava os
R$ 5,84 do comerciante. Agora, não teremos alternativa e vamos ter que repassar os custos.
O pior é que as transportadoras acabarão se tornando as vilãs da história”, acredita o gerente, que pediu para não ser identificado.
Segundo conta, o aumento não atingiu os imóveis residenciais como, por
exemplo, os condomínios, que continuarão pagando R$ 46,75 pelo descarte e tratamento de oito metros cúbicos de resíduos.
“Mas os prédios que possuem comércio no térreo, principalmente os pequenos, com poucos apartamentos, vão sentir o impacto. Por exemplo, se o comerciante possui um restaurante no térreo e mora no andar de cima, pagará taxa de comércio e não mais a de residência”, afirma o gerente.
Sabesp
Procurada pela reportagem, a Sabesp esclarece que o serviço de tratamento dos resíduos mencionados não é um serviço público, não está no âmbito da concessão pública e, portanto, é passível de concorrência no mercado.
Segundo a estatal, muitas empresas têm, inclusive, a sua própria estação para tratamento dos resíduos. Em outras palavras, os serviços não fazem parte das atividades públicas da Companhia (fornecer água, coletar e tratar o esgoto que chega por meio de redes públicas).
Sendo um serviço de mercado, continua a Sabesp, os preços para as empresas que fazem o transporte dos efluentes até a Estação da estatal são diferenciados por categoria de origem e recentemente passaram por uma revisão de acordo com o impacto do produto que é destinado para as estações de tratamento de esgoto.
Fonte: Diário do Litoral