Ser vizinho de um terreno baldio murado e bem cuidado tem vantagens. Nessas condições, poucos vizinhos gostariam de vê-lo ocupado por um enorme prédio residencial ou comercial que lhes tiraria a sombra, a ventilação e a paisagem. Agora, quando esse espaço vazio é procurado por desocupados ou viciados em drogas e vira local de proliferação de ratos e mosquitos, a ideia de um espigão de concreto não é das piores.

Vizinhos de um imenso terreno na Rua Paraguaçu, entre as ruas Armando Salles de Oliveira e Vahia de Abreu, no Boqueirão, convivem diariamente com entulho descartado por carrinheiros.

O local é almoxarifado de sofá, aparelho de TV, colchão, revistas. O descarte ocorre tanto na calçada quanto na parte interna, apesar do tapume.

“Enviei e-mail para a construtora, dona da área, com fotos, mas ignoraram o problema, que vem aumentando desde o ano passado”, diz Mariângela Cardenuto.

A vizinhança está assustada porque o terreno atrai desocupados. “Além do carrinheiro, vem gente da própria rua e joga nesta calçada porque não tem ninguém”, lamenta Nilze Valéria Batista.

Na Praça José Domingues Martins, que corta a Avenida Joaquim Montenegro (Canal 6), na Aparecida, a situação é semelhante. Moradores do prédio ao lado de um terreno baldio, onde funcionou um posto de combustíveis, relatam que o local virou abrigo para derretimento de fios de cobre e consumo de entorpecentes.
“São maloqueiros que aproveitam a falta de dois tapumes e perturbam a vizinhança”, lamenta Ana Francisco Rodrigues.